Minaret Minuets
Como explica Scott Fields nas “liner notes” desta gravação com Matthias Schubert, tocar em duo é uma interessante interacção na medida em que, na ausência de elementos extra que possam interferir com a linguagem estabelecida, os diálogos tornam-se extremamente claros e direccionados. O silêncio optado por um dos músicos poderá dar uma nova luz ou criar uma tensão não antes percepcionada ao que o outro poderá estar a tocar. Deste mesmo modo, quando os dois tocam em simultâneo, criam-se explorações timbrais ou dinâmicas em que um instrumentista parece querer sobrepor-se ao outro e isso permite a geração de novos ângulos para levar a música em novas direcções.
Fields e Schubert passam o álbum a criar e a destruir dinâmicas e situações, nunca permitindo que a música ganhe uma forma totalmente definida. O que se impõe é mesmo o ser híbrido constituído pela junção da guitarra e do saxofone — por exemplo, Matthias Schubert tem uma articulação muito baseada no staccato, mimetizando várias vezes as sonoridades guitarrísticas.
Acontece, porém, que, quando a dupla entra num registo mais modal, as angularidades perdem-se em favor de uma linha mais contínua de exploração lírica. Além disso, os grunhidos e os registos mais abstractos ou minimais de Schubert nem sempre criam mais do que um vago interesse. Uma obra cerebral para se escutar com atenção. — Jazz.pt